Hoje em dia é difícil conhecer alguém que não sofre com estresse no trabalho.
Na maioria das vezes, a competitividade e os estímulos estressantes do trabalho são considerados normais. Mas quando essa carga começa a consumir toda a mente e energia, pode ser que a pessoa esteja perto de ter uma síndrome conhecida como Síndrome de Burnout.
Vamos conhecer mais sobre essa doença?
Síndrome de Burnout em números
No Brasil:
- 72% dos brasileiros têm alguma sequela do estresse: desde o mais leve até aquele considerado devastador
- Mais de 178 mil trabalhadores foram afastados das atividades por causa de transtornos mentais ou comportamentais em 2017
- 3,5% de prejuízo é gerado ao PIB (Produto Interno Bruto) pela falta de produtividade causada pela exaustão
- Mais de 33 milhões de brasileiros têm a Síndrome de Burnout, segundo estimativas de 2016
Dentre esses:
- 92% dos trabalhadores se sentem sem condições de trabalhar, mas continuam por medo de ser demitido
- 49% dos trabalhadores têm depressão e tendem a desenvolver depressão crônica
- 90% dos trabalhadores estão presentes fisicamente no trabalho, mas distantes em termos mental e emocional
- 97% dos trabalhadores dizem ter exaustão, sem condições físicas e emocionais para qualquer atividade
- 91% sofrem com a desesperança, solidão, raiva e impaciência
- 2% foi o crescimento dessa síndrome de 2011 para 2012
No mundo:
- 70% da população do Japão têm a Síndrome de Burnout e estão em 1º lugar no ranking
- 30% das pessoas no Reino Unido têm burnout
- 27% de trabalhadores nos EUA têm burnout
- 6% dos médicos nos EUA têm burnout
- 12% dos trabalhadores na França têm burnout
- 8% da força de trabalho alemã têm sinais de burnout
Mas o que é a Síndrome de Burnout?
A Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio emocional caracterizado por exaustão prolongada, estresse extremo e esgotamento físico e mental.
O burnout gera uma perda de motivação profissional que pode evoluir para sentimentos de fracasso e inadequação. Ele faz com que a pessoa pense que sua função não tem importância, que sua dedicação ao trabalho é maior que a satisfação que ele traz e faz com que sair de casa para trabalhar se torne um sacrifício.
Por que esse nome: Burnout?
O termo burnout, em inglês, significa queimar (burn) e fora/ exterior (out). Foi criado para demonstrar o desgaste físico e psicológico da pessoa, como se a queimasse de dentro para fora: "queimar-se por completo".
Burnout se refere a algo que deixou de funcionar por exaustão de energia, como um curto-circuito. Por isso, o termo é associado ao último estágio de esgotamento do estresse e da exaustão profissional.
História do Burnout
1869: O neurologista americano George Miller Beard descreve a neurastenia (esgotamento mental e físico) como exaustão generalizada. Ele culpa a civilização moderna por causá-la.
1936: O britânico Charles Chaplin escreve e atua em Tempos Modernos, um filme clássico sobre a jornada exaustiva de trabalho que criticava o taylorismo-fordismo.
1974: Herbert Freudenberger, um psicólogo clínico germano-americano, faz a primeira descrição científica e cria o termo "Síndrome de Burnout". Ele era voluntário em uma clínica de tratamento de alcoólatras e começou a sentir muita exaustão. Então percebeu que seus colegas de trabalho estavam sentindo o mesmo, e começou a fazer relatos escritos do que observava.
1981: Christina Maslach, uma psicóloga americana, cria um questionário para identificar o grau de estresse ocupacional e faz a primeira pesquisa desenvolvida sobre a síndrome.
1999: O Ministério da Saúde brasileiro inclui o burnout na lista de doenças relacionadas ao trabalho, como um transtorno mental e comportamental. Ele está registrado em um dos manuais de diagnósticos da medicina, o CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde).
Essa síndrome já é comentada e prevista há muito tempo, mas as discussões sobre isso no Brasil se tornaram mais fortes nesses últimos anos.
Em maio deste ano (2019), a OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou a doença como síndrome resultante de estresse crônico no trabalho. A definição vai entrar em vigor em 2020 na CID (Classificação Internacional de Doenças), abrindo caminho para mais discussões e estudos.
Como o burnout age no cérebro
O estresse pode afetar diversas áreas do cérebro, mas a principal é o hipocampo, região responsável pela retenção das novas memórias e pela atenção. Ele também compromete o processo natural da massa cinzenta de gerar novos neurônios.
Além disso, o estresse extremo faz o corpo liberar muito cortisol e adrenalina, hormônios que mexem com o coração, interferem no funcionamento do cérebro e podem até debilitar a imunidade.
Sintomas do Burnout
O burnout tem três principais características: exaustão, ceticismo e ineficácia.
Exaustão - o cansaço é tanto que começa a te impedir de tomar decisões e realizar suas tarefas cotidianas. Mesmo com final de semana, feriado ou férias, o esvaziamento físico e mental não passa.
Ceticismo - há uma insensibilidade que aparece porque a pessoa está sem perspectivas. A pessoa se torna incapaz de sentir empatia, pode apresentar confusão e ter reações negativas.
Ineficácia - uma falta de produtividade que, mesmo que a pessoa trabalhe por mais horas, o trabalho não rende. A atenção diminui muito e faz com que a pessoa cometa mais erros. É como se o corpo estivesse no trabalho, mas a mente não.
Junto com essas características, há também diversos sintomas físicos, psicológicos e comportamentais que podem aparecer:
- Perda momentânea de memória;
- Cansaço excessivo constante, físico e mental;
- Desânimo;
- Fraqueza;
- Raciocínio lento;
- Falta de interesse, principalmente nas atividades que costumava gostar antes;
- Perda de iniciativa;
- Dificuldade de concentração;
- Negatividade constante;
- Sentimentos de fracasso, insegurança, incompetência, derrota e desesperança;
- Baixa produtividade;
- Distúrbios do sono, como insônia;
- Alterações no apetite;
- Depressão ou tristeza excessiva;
- Ansiedade excessiva;
- Crises nervosas e de choro;
- Diminuição da libido;
- Problemas gastrointestinais, como enjoos, azia e inchaço;
- Dores musculares;
- Dores na coluna;
- Dores de cabeça frequente;
- Tonturas;
- Visão turva ou embaçada;
- Problemas cardiovasculares, como taquicardia;
- Pressão alta;
- Alteração na respiração;
- Tremores, como nas pálpebras e tiques;
- Resfriados constantes;
- Alergias;
- Queda de cabelo;
- Problemas de pele, como acne, manchas, psoríase e lesões de dermatite;
- Alterações repentinas de humor;
- Apatia;
- Irritabilidade;
- Agressividade;
- Ironia;
- Cinismo;
- Isolamento, até de pessoas significativas como familiares e amigos.
Normalmente esses sintomas começam de forma leve, mas vão piorando com o passar do tempo.
Quando perceber esses sinais, é bom procurar ajuda profissional logo, pois pode ser algo passageiro ou um início de Síndrome de Burnout. Essa soma de mal-estares pode levar a vícios e até mesmo ao suicídio, devido à intensificação de uma possível depressão.
Causas do Burnout
A síndrome revela uma incompatibilidade no relacionamento entre o trabalho e o trabalhador, faltando uma conexão nas esferas de controle, volume de trabalho, pressão, equipe, reconhecimento, valores e justiça. Também pode haver incompatibilidades com relação à estrutura da empresa, carga horária e o modo que os gestores conduzem a equipe, que muitas vezes não favorecem as competências de cada funcionário.
É um estresse ocupacional resultante de situações de trabalho desgastantes que demandam muita competitividade ou responsabilidade. Também pode aparecer quando o profissional é encarregado de tarefas muito difíceis e que a pessoa pode achar que não é capaz de cumprir. Ou também em casos mais específicos de trabalhos que demandam turnos noturnos, muitas horas seguidas de trabalho ou disponibilidade virtual 24 horas do trabalhador.
Isso acontece porque dormir mal contribui para o surgimento ou piora do burnout. E também porque faz com que a pessoa dedique mais tempo ao trabalho, se afastando das atividades de lazer e do convívio familiar e social. Tudo isso influencia na qualidade de vida do profissional e afeta sua saúde.
Problemas de relacionamento com colegas, clientes e chefes, a falta de cooperação entre os colegas de trabalho, a falta de equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal e também a falta de autonomia são grandes fatores que podem desencadear a síndrome.
Fatores de risco que contribuem para o Burnout
A personalidade é um fator decisivo nesse cenário. Fortes candidatos a desenvolver a Síndrome de Burnout são aquelas pessoas conhecidas como workaholics, que dão a vida pelo trabalho como se ele já tivesse virado parte de sua identidade.
As pessoas que têm uma probabilidade maior de desenvolver o transtorno costumam ser:
- Excessivamente rígidas;
- Perfeccionistas;
- Críticas;
- Impacientes;
- Competitivas;
- Controladoras;
- Muito exigentes consigo mesma e com os outros.
A Síndrome de Burnout pode ser encontrada em qualquer profissão, mas há trabalhadores que são mais propensos a desenvolver o transtorno, como os que causam impacto direto na vida de outras pessoas, que trabalham longe de casa, que lidam com situações de perigo ou que tem o rendimento avaliado por produtividade.
Confira abaixo as profissões mais atingidas pelo burnout no mundo:
1º lugar:
- Agentes de segurança (policiais, vigilantes, guardas municipais, guardas penitenciários, vigias noturnos, etc.)
2º lugar:
- Controladores de voo
- Motoristas de ônibus
3º lugar:
- Profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, cuidadores, etc.)
- Executivos
- Atendentes de telemarketing
- Bancários
- Professores
4º lugar:
- Pessoas que atuam fora de suas áreas de formação, não por escolha, mas por falta de opção. (Ex: trabalhador com formação que perdeu o emprego, não conseguiu outro e virou motorista.)
5º lugar:
- Jornalistas
Como é feito o diagnóstico de Burnout
Não existem exames físicos para diagnosticar a doença. Para detectar a Síndrome de Burn out, é necessário fazer um exame clínico com um psiquiatra ou psicólogo. O especialista vai analisar os sintomas, a história pessoal, se os problemas são relacionados ao trabalho e se as características da pessoa estão influenciando também. Isso é importante para conseguir diferenciar a síndrome de outras possíveis doenças que têm sintomas parecidos.
Muitas pessoas não buscam ajuda especializada por não saberem ou não conseguirem identificar os sinais. Por isso é importante contar com familiares e amigos próximos para ajudar na identificação dos sintomas.
Para quem não tem plano de saúde, é possível também fazer esse diagnóstico pelo SUS, nos Centros de Atenção Psicossocial, que fazem parte da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Tratamento do Burnout
Existem três focos durante o tratamento psicoterápico: a relação com a profissão, os sintomas e o ambiente de trabalho. Sendo assim, o tratamento tem de ser feito com um conjunto de três partes:
1 - Psicoterapia
A Psicoterapia vai ser indicada para abordar a relação do paciente com o trabalho. Pode ser qualquer linha: cognitivo-comportamental, analítica, psicanálise, psicodrama ou Gestalt, etc. Não há uma linha melhor que a outra, pois o importante é o paciente se identificar com ela. Juntos, o paciente e o terapeuta vão traçar planos para o futuro e estratégias para driblar os gatilhos.
O terapeuta pode ainda indicar técnicas de relaxamento ou exercícios de respiração para controlar os sintomas. Uns 10 minutinhos por dia já vão ajudar.
2 - Remédios
O psiquiatra poderá indicar ansiolíticos ou antidepressivos quando os sintomas de ansiedade e depressão forem muito fortes ou frequentes. Caso seja necessário, também podem ser utilizados calmantes que ajudam a dormir, pois a Síndrome de Burnout também pode atrapalhar o sono do paciente.
Não há um tempo padrão de uso de medicamentos, pois cada pessoa vai reagir de uma forma ao tratamento.
Além de medicamentos convencionais, há fitoterápicos e suplementos naturais que podem auxiliar no tratamento, como:
- Ginseng (ver produto)
- Fafia (ver produto)
- Aswaganda (ver produto)
- Cogumelo do Sol (ver produto)
- Rhodiola Rosea (ver produto)
- Catuaba (ver produto)
- Guaraná (ver produto)
- Marapuama (ver produto)
- Bacopa (ver produto)
- Jatobá (ver produto)
- Acariçoba (ver produto)
- Nó de Cachorro (ver produto)
- Ginkgo (ver produto)
- DHA - obtido do óleo de peixe (ver produto)
3 - Estilo de vida
Mudar o estilo de vida é essencial, pois não adianta fazer terapia, tomar remédios e depois voltar para a mesma rotina de trabalho que causou a síndrome. Junto à terapia, é precisa melhorar a qualidade de vida:
- Praticar atividades físicas
- Dormir bem
- Comer bem
- Manter hobbies
- Manter contato com a família e amigos
- Fazer exercícios de relaxamento
Praticar mindfulness e investir na espiritualidade também podem ajudar nessa mudança.
No melhor dos casos, o conjunto do tratamento surte efeito em até 3 meses, mas pode demorar mais dependendo de cada paciente.
Dicas para prevenir o Burnout
Assim como no tratamento, é o estilo de vida que vai ajudar na prevenção da Síndrome de Burnout. É fundamental manter o equilíbrio entre trabalho, lazer, família, vida social e atividades físicas. Veja abaixo algumas dicas de como passar bem longe da doença.
Dicas para a vida:
- Faça atividades físicas regulares, ao menos três vezes por semana
- Adote uma alimentação saudável e equilibrada
- Durma bem
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas, cigarro ou outras drogas
- Troque as bebidas energéticas por sucos naturais e chás calmantes
- Cultive hobbies
- Estabeleça limites para não se sobrecarregar
- Valorize o tempo com a família
- Faça atividades divertidas com seus amigos
- Pratique atividades de relaxamento, como meditação e yoga
- Mantenha pensamentos positivos
- Aprenda a relativizar seus problemas
- Desconecte-se das redes sociais de vez em quando
- Pare de checar os e-mails a todo instante
- Evite o contato com pessoas tóxicas, que fazem você se sentir mal ou que sugam muito a sua energia
Dicas para o trabalho:
- Mantenha em mente o mantra: “Trabalhe para viver, não viva para trabalhar”
- Identifique e estabeleça seus limites no trabalho
- Não extrapole seus limites por períodos frequentes ou prolongados
- Se fizer uma jornada mais longa, compense descansando e se alimentando bem
- Estabeleça prioridades em uma lista
- Não centralize as responsabilidades, aprendendo a delegar tarefas
- Controle o perfeccionismo, aprendendo a se perdoar quando erra
- Procure não trabalhar mais de 8 horas por dia
- Tente fazer pequenas pausas durante o trabalho para arejar a mente
- Tire férias todos os anos
- Avalie o retorno social ou emocional que o trabalho lhe dá
Se identificou? Então não perca tempo e comece já a mudar sua vida e sua saúde. É necessário prestarmos atenção aos sinais que o corpo nos dá.
Qualquer dúvida, fale com um dos nossos Fitoterapeutas clicando aqui. Será um prazer enorme ajudar você!
Fontes que usamos neste informativo:
https://www.einstein.br/estrutura/check-up/saude-bem-estar/saude-mental/sindrome-burnout
Revista Einstein - Síndrome de Burnout
http://pensament.com.br/pdf/Sindrome_de_Burnout_-_Rev_Eisntein.pdf
Síndrome de Burnout: o que é, quais as causas, sintomas e como tratar
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/sindrome-de-burnout
Precisamos falar sobre Burnout
https://saude.abril.com.br/especiais/precisamos-falar-sobre-burnout/
Síndrome de burnout vira doença
Burnout: saiba tudo sobre a síndrome do esgotamento profissional
No limite Burnout: mais próximo do setor da saúde do que se imagina
http://www.ismabrasil.com.br/img/estresse105.pdf