Aroeira - Schinus terebinthifolius
Nome popular: Aroeira, aroeira-branca, aroeira-mansa, aroeira-pimenteira, aroeira-vermelha, aroeirinha
Nome científico: Schinus terebinthifolius Raddi
Família: Anacardiaceae
Tipo: Nativa
Características botânicas
Árvore de 3 a 15 m de altura, dotada de copa arredondada. O tronco geralmente é curto e tortuoso, com casca externa grossa e fissurada, de coloração cinza escuro a preta, e casca interna avermelhada e com forte aroma. As folhas são compostas, alternas, imparipenadas, membranáceas e verde-escuras. Possuem pecíolos alados, com ápice agudo, base assimétrica e nervura central proeminente na face inferior e bordos. É planta pioneira, heliófita, comum em beiras de rios, córregos e em várzeas úmidas, mas cresce também em solos secos e pobres. As flores branco-amareladas são glabras e reunidas em panículas terminais. Floresce de setembro a dezembro. Os frutos são drupas globosas, lisas, com pericarpo papiráceo-quebradiço, de coloração avermelhada. Os frutos amadurecem de dezembro a junho. Os frutos são amplamente consumidos por pássaros, o que explica sua ampla disseminação. A forma de dispersão desta espécie é zoocórica. Árvore de crescimento rápido, reproduz-se por estacas de raízes e galhos. A época de frutificação é entre os meses de fevereiro e julho, e os frutos devem ser colhidos quando passarem da cor verde para róseo-vermelho-viva, não é necessário quebra de dormência. Na língua Guarani, o seu nome é yryvadja rembiu, que significa comida de tiribas.
Usos e propriedades
Apesar de ser percebida por muitos agricultores como uma verdadeira praga nos campos e lavouras, a aroeira é uma espécie com muitíssimas aplicações, algumas delas estão relacionadas a seguir:
Produtos bioquímicos: A casca é muito rica em tanantes, e pode produzir tinta para tecidos ou tanino para a curtição de couro e fortalecimento de redes de pesca. Da casca extrai-se o mastique, que é uma resina terebintácea aromática.
Da casca também pode-se extrair um óleo volátil, de comprovada propriedade inseticida contra a Musca domestica (Mosca doméstica).
Forragem: Serve de forragem para os caprinos, e possui alto valor de digestibilidade.
Alimentação humana: Os frutos da aroeira são utilizados como substitutos da pimenta-do-reino (Piper nigrum). Esta pimenta, conhecida como pimenta-rosa, pimenta-rosada e brazilian pepper, é muito famosa na cozinha européia, principalmente na França, e lá é conhecida como poivre-rose. Apesar de ser uma planta extremamente comum, e até considerada daninha em alguns lugares, o preço dos frutos secos aqui no Brasil pode chegar a R$ 199,00 o Kg.
Apícola: As flores da aroeira possuem um grande potencial de fornecimento de pólen e néctar, pois o mel dela produzido é de excelente qualidade.
Medicinal: A aroeira também é utilizada na medicina popular, e estudos científicos têm comprovado sua ação contra afecções uterinas e de efeitos adstringentes, além de ser empregada no tratamento da diarréia, otalgias(seiva), gastralgias, hemoptises, dor ciática, gota, úlceras, reumatismo, infecções bacterianas, doenças do sistema urinário e respiratório, depurativa, emenagoga, tônica, balsâmica, cicatrizante, antiinflamatória, anti-reumática e antimicrobiana. Sua resina era utilizada pelos jesuítas para prepararem o remédio conhecido como "bálsamo das missões". A infusão das folhas desta espécie é utilizada pelos índios Guarani para combater o popular sapinho na boca das crianças.
Os próprios índios do Paraná e Santa Catarina utilizavam seus brotos novos e casca do caule contra odontalgia (dor de dente). O banho das folhas também é recomendado como anti-séptico.
É uma das 71 plantas medicinais autorizadas pelo Ministério da Saúde para serem receitadas e distribuídas pelo SUS, e o uso recomendado é contra ferimentos e úlceras. Devido a suas propriedades medicinais, foi incluída na primeira edição da Farmacopéia Brasileira (1926).
Recomenda-se cuidados no uso interno de medicamentos preparados com esta planta, pois em altas doses possui propriedades tóxicas.
Ornamental: Atualmente está sendo muito utilizada em paisagismo, na arborização de ruas e em parques e praças. É muito recomendada para uso em passeios estreitos. Além da beleza da folhagem ampla, é perenifólia, a floração é prolongada, e os frutos atraem a avifauna.
Ecológico: Os frutos da aroeira, por serem avidamente consumidos pelas aves em períodos rigorosos como o inverno, são importantes em programas de reflorestamento com mata nativa. Além de ser recomendada para recuperação de solos pouco férteis, pode ser utilizada para recomposição da mata ciliar.
Econômica: Pode e vem sendo utilizada como fonte de palanques e estacas vivas para cercas e palanques de sustentação.
** Há registros de que algumas pessoas são alérgicas à esta planta.
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