Hoje é dia de informativo Oficina de Ervas – a série que traz muuuito conteúdo útil para sua saúde!
E o tema da vez é refluxo, que está vinculado ao processo de digestão no nosso corpo. Hoje, de 12% a 20% da população brasileira sofre de refluxo. Vamos aprender sobre ele?
Como funciona a digestão
A digestão é um processo complexo que passa por diversas etapas e órgãos do corpo. Ela segue essa ordem:
Boca - onde ocorre a mastigação e é liberada a saliva que contém enzimas que degradam as moléculas grandes de amido
Faringe - liga a boca ao esôfago
Esôfago - liga a faringe ao estômago
Esfíncter - é uma válvula entre o esôfago e o estômago que se abre quando engolimos e se fecha logo depois para impedir que a comida e o suco gástrico subam
Estômago - onde é liberada a pepsina, outra enzima que degrada as proteínas
Intestino - onde o bolo alimentar sofre ação de sucos digestivos e todos os nutrientes são absorvidos até a defecação
Mas há vezes em que esse processo sofre desequilíbrio, gerando sintomas como azia, gastrite, refluxo e outros problemas digestivos.
Vários desses desequilíbrios ocorrem quando comemos alguma refeição pesada, como feijoada, o que é normal. Mas quando esses episódios são corriqueiros e acontecem mais de uma vez na semana, é preciso investigar, pois pode significar algo mais sério na sua saúde.
O que é o refluxo
O nome completo do refluxo é Doença do Refluxo Gastroesofágico, sendo abreviado pelas siglas DRGE. Ele é uma condição crônica que se desenvolve quando o alimento ou suco gástrico sobe para o esôfago, provocando sintomas e/ou complicações.
Isso acontece quando a pressão de fechamento do esfíncter esofagiano inferior diminui devido a algum problema de funcionamento ou contração inadequada. A acidez dos alimentos e a quantidade ingerida também influenciam no refluxo, sendo fatores agressores.
Existe o refluxo comum que todos nós temos de vez em quando. Nesse caso, o líquido é eliminado naturalmente pelos movimentos do esôfago, que ele faz em si mesmo quando o ácido estomacal chega até ele. O refluxo só é considerado patológico se ocorrer com frequência mínima de duas vezes por semana, durante quatro a oito semanas.
Causas do refluxo
Vários fatores podem fazer com que o refluxo se torne patológico, como hipotensão do esfíncter do esôfago ou hérnia de hiato.
Essa hérnia é um deslocamento da transição entre o estômago e o esôfago, que faz com que o suco gástrico escape do estômago, atingindo o esôfago e outros órgãos dos aparelhos digestivo e até respiratório.
Outros fatores de risco contribuem para piorar o refluxo, como:
- Excesso de peso
- Maus hábitos alimentares
- Tabagismo
- Consumo excessivo de álcool
- Estresse
Sintomas do refluxo
Os sintomas do refluxo são diversos e podem ocorrer tanto no trato digestório quanto no respiratório, sendo uns mais típicos que os outros.
Os mais comuns são:
- Pirose ou azia (sensação de queimação na região central do peito que irradia para o pescoço e pode atingir até a garganta)
- Regurgitação ácida (o retorno de conteúdo ácido ou alimentos para a boca)
- Dor para engolir
- Dores no tórax
- Salivação excessiva
- Náuseas
Os sintomas mais atípicos podem incluir:
- Dor torácica (sem ser do coração)
- Globus faríngeo (sensação de ter um caroço ou algo preso na garganta)
- Pigarro persistente
- Laringite
- Asma
- Tosse crônica
- Fibrose pulmonar idiopática
- Apneia do sono
- Erosões do esmalte dos dentes (causadas pela regurgitação ou vapor ácido que sobem até a boca)
- Feridas na mucosa da boca
Os sucos digestivos do refluxo, com o tempo, acabam agredindo o esôfago e causando uma constante inflamação, que pode aumentar as chances de desenvolvimento de câncer.
Diagnóstico de refluxo
O diagnóstico da doença do refluxo gastroesofágico é feito, primeiramente, com um relato cuidadoso do paciente para identificar os sintomas, intensidade, duração, frequência e fatores desencadeantes e de alívio.
Se necessário, o gastroenterologista pode pedir um exame de endoscopia digestiva alta (EDA) para ver se há lesões causadas pelo refluxo e também afastar outras possibilidades de doenças, como estreitamento esofágico, esôfago de Barrett ou câncer.
Há também os exames de pHmetria e impedanciopHmetria esofágica, que conseguem medir o refluxo e sua acidez.
Refluxo em bebês
Cerca de 20% dos bebês que ainda mamam têm vômitos, que são piores nos primeiros 3 meses de vida mas que, depois dos 4 ou 7 meses, começam a diminuir e desaparecem depois de 1 ano de idade. Isso é normal e acontece porque o esfíncter esofágico do bebê ainda é imaturo, por isso não consegue segurar o líquido no estômago.
A doença do refluxo pode aparecer na mesma época, mas é muito raro. Além do vômito persistente, ela acaba também interferindo no ganho de peso da criança, gerando irritabilidade e fazendo com que o bebê não queira se alimentar devido à dor da acidez. A doença do refluxo não passa depois que a criança cresce e é difícil saber se o bebê tem realmente isso antes de completar 1 ano.
Para fazer um diagnóstico, é preciso levar a criança a um gastroenterologista pediátrico, que, se necessário, saberá indicar os melhores exames para cada caso, como uma radiografia contrastada, endoscopia digestiva ou biópsias de esôfago. A maior parte dos diagnósticos são feitos conversando com os pais. Geralmente só são pedidos exames em casos muito graves e alguns médicos preferem esperar o primeiro ano da criança antes de medicar para ver se passa naturalmente.
Há algumas dicas que podem ajudar a diminuir o refluxo do bebê:
- Movimento: não mexa muito a criança logo depois de mamar, para que o leite desça e se acomode no estômago. Inclusive, se for possível, troque a fralda da criança antes de dar o leite, para evitar muita movimentação com o estômago cheio.
- Posição ao deitar: é ideal deixar o corpo do bebê inclinado em um ângulo de mais ou menos 30 graus e com a barriguinha para cima, para que a cabeça fique mais alta que o estômago.
- Alimentação do bebê: o leite materno é sempre o ideal, mas fórmulas infantis e antirrefluxo também podem ser uma opção. Há também fórmulas sem lactose para crianças cujo refluxo é proveniente da intolerância.
- Alimentação da mãe: tudo que a mãe ingere reflete no leite, por isso é bom evitar alimentos gordurosos e muito açúcar. Se seu bebê tiver intolerância a lactose, é preciso evitar leite de vaca e seus derivados.
Várias pessoas têm medo do bebê vomitar e sufocar, mas é muito raro isso acontecer, pois a criança tem mecanismos de defesa para impedir que o líquido do estômago vá para o pulmão, como tossir e engasgar. Normalmente, as crianças que sufocam com o vômito são crianças que apresentam algum problema neurológico que inibe a capacidade de se autoproteger.
Se a criança crescer e continuar tendo a doença do refluxo, tudo bem também. Ela só vai precisar de acompanhamento de um gastroenterologista e seguir os tratamentos.
Tratamento e prevenção
Estilo de vida
O tratamento ou a prevenção já podem começar com uma mudança no estilo de vida. Diversas ações rotineiras podem melhorar muito o refluxo. Veja abaixo uma lista delas:
- Seguir uma alimentação balanceada
- Parar de fumar
- Evitar o sobrepeso e obesidade (o excesso de peso e a obesidade levam ao aumento da pressão intra-abdominal e intragástrica)
- Evitar refeições volumosas
- Coma devagar e mastigue bem
- Fracione a comida igualmente entre as refeições, sem ter uma refeição principal
- Se possível, coma em quantidades menores e mais vezes ao dia, fazendo até 6 refeições ao dia
- Evite ingerir líquidos durante as refeições
- Comer pelo menos uma hora antes de se exercitar
- Comer pelo menos duas horas antes de se deitar
- Elevar a cabeceira da cama em uns 15cm
- Evitar cintos e roupas apertados
- Evitar medicamentos que causam boca seca
- Reduzir o consumo de álcool (especialmente vinho tinto à noite)
Remédios alopáticos
Dependendo de cada caso, o médico pode passar alguns remédios para diminuir os sintomas e facilitar a cicatrização dos tecidos, como:
- Inibidores da bomba de prótons
- Antiácidos
- Bloqueadores dos receptores H2 da histamina
- Procinéticos
Apenas o médico vai saber qual melhor medicamento para cada paciente e qual a duração do tratamento, por isso não use esses medicamentos por conta própria, pois possuem efeitos colaterais e podem causar prejuízos à saúde, como gastroenterite, má absorção de nutrientes e fraturas ósseas depois dos 50 anos.
Fitoterápicos
Há plantas que também podem contribuir para o tratamento do refluxo, sem causar efeitos colaterais, como:
- Espinheira Santa (ver produto)
- Gengibre (ver produto)
- Alcaçuz Europeu (ver produto)
- Zedoária (ver produto)
- Chlorella (ver produto)
Algumas também podem complementar o tratamento por ajudarem na digestão, como:
Cirurgia
A cirurgia é indicada em casos muito específicos, para quem tem hérnia de hiato ou para jovens não obesos que já mudaram o estilo de vida e já tomaram remédios mas nada adiantou e ainda sofrem com sintomas do refluxo.
Essa cirurgia se chama fundoplicatura de Nissen e é feita por laparoscopia. Ela consiste em suturar a parte de cima do estômago ao redor do esfíncter esofágico inferior, criando uma barreira antirrefluxo.
Ela se tornou mais restrita porque a eficácia é maior para esofagite do que para os sintomas do refluxo e não resolve para sempre. Depois de 10 anos, cerca de 60% dos operados têm que voltar a fazer tratamento.
Alimentação
Uma alimentação equilibrada é essencial para a manutenção e recuperação da saúde no geral.
Manter o cardápio balanceado contribui para vivermos bem, aumentando a vitalidade e contribuindo para a prevenção de doenças, inclusive na melhora do refluxo. Não existe um único alimento que cure o refluxo, mas existe um conjunto de ações preventivas que podem ajudar. Veja abaixo algumas dicas!
Evite comidas que estimulam a produção ácida pelo estômago, que irritam a mucosa gástrica e que retardam o esvaziamento gástrico. Por exemplo:
- Pimenta, páprica, mostarda, canela e outros alimentos picantes
- Cafeína (como café e energéticos, principalmente de estômago vazio)
- Bebidas e frutas cítricas
- Bebidas alcoólicas (pois o álcool relaxa o esfíncter e deixa o estômago ácido)
- Refrigerantes e outras bebidas gasosas
- Tomate e produtos à base de tomate
- Cebola
- Alimentos gordurosos (como frituras, feijoada, churrasco)
- Alimentos ácidos (como picles, conservas, vinagre, etc)
- Alimentos ultraprocessados
- Chocolate
- Açúcar
- Leite em excesso (devido à presença de cálcio que estimula a secreção gástrica)
Alimentos que podem melhorar o refluxo e ajudar na digestão:
- Frutas e legumes não ácidos (como banana, mamão, abacate, ameixa e abóbora)
- Hortaliças (preferencialmente cruas)
- Leguminosas (como feijões, lentilha e grão de bico)
- Alcachofra
- Aspargo
- Carnes magras (como peixes e aves)
- Chás digestivos (como hortelã, capim limão, camomila, alecrim, sálvia, gengibre, espinheira santa, carqueja, alcachofra e dente de leão)
É importante prestar atenção na relação de alimentos e os sintomas, para descobrir que comida piora ou melhora o seu refluxo. Se algum alimento te despertar suspeita de estar piorando o refluxo, tente tirar ele da sua alimentação para ver se os sintomas melhoram.
E aí, gostou da leitura de hoje?
Lembrando, como sempre, que se você tiver qualquer dúvida, pode falar diretamente com nossos fitoterapeutas clicando aqui!
Equipe Oficina de Ervas.
Fontes que usamos neste informativo:
- Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
http://www.sbmdn.org.br/doenca-do-refluxo-gastroesofagico-drge/
- Saiba como controlar o refluxo gastroesofágico
https://www.einstein.br/Pages/Noticia.aspx?eid=1146
- Refluxo gastroesofágico | Artigo
https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/refluxo-gastroesofagico-artigo/
- Alimentos que ajudam na digestão
https://www.einstein.br/noticias/noticia/alimentos-que-ajudam-na-digestao
- Refluxo prejudica saúde bucal e aumenta chances de câncer
- Refluxo atinge 2 milhões de brasileiros
http://edicaodobrasil.com.br/2017/12/14/refluxo-atinge-2-milhoes-de-brasileiros/
- Refluxo: o que é, quais são os sintomas e como tratar
- Doença do refluxo | Entrevista
https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/doenca-do-refluxo-entrevista/